Orquestra Sinfônica da Unicamp encerra 2a. edição da “Semana da Música de Câmara” com quatro apresentações

A Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) realizou neste mês de setembro a segunda edição da “Semana da Música de Câmara”. Ao contrário da primeira edição que ocorreu em abril, esta foi maior e contou com o dobro de apresentações.

Foram três concertos no Auditório da ADUnicamp, na Unicamp, e uma apresentação na Paróquia do Divino Salvador, em Campinas. Na abertura, dia 14, o Quinteto de Sopros apresentou ao público um programa divertido “que aliasse obras do século XX e compositores brasileiros”, comenta Eduardo Freitas, clarinetista da OSU. O destaque da noite ficou por conta da peça “Pedro e o Lobo”, de Sergey Prokofiev, importante obra do repertório sinfônico que contou com a narração de Elaine Vilela Rezende.

Na noite seguinte, 15, o Quinteto de Metais apresentou um repertório com obras de Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha e André Ameller. Para o trombonista da Sinfônica da Unicamp, Fernando Hehl, em uma formação de quinteto “podemos mostrar toda a beleza desses instrumentos por completo. A música de câmara exige entrosamento, companheirismo e cumplicidade entre os integrantes, pois o olho o olho é necessário a todo momento”, enfatiza.

A dobradinha ficou por conta do Quarteto de Cordas, com uma apresentação na Paróquia do Divino Salvador e outra na ADUnicamp. Entre as peças elencadas para o repertório havia um dos movimentos da obra Suíte Antiga, do compositor brasileiro Alberto Nepomuceno (1864-1920), especialmente arranjado para quarteto de cordas pelo arquivista da Sinfônica, Leandro Ligocki.

Ligocki comenta que ficou particularmente atraído pelo obra Suíte Antiga – escrita originalmente para piano – por conta da “semelhança da Aria de Nepomuceno com a Aria na corda sol de Bach”, o que o motivou a  escrever duas adaptações ou arranjos “cujas primorosas interpretações teve o prazer de assistir”, comenta. “Escrevi primeiramente para a Orquestra Comunitária da Unicamp, em 2017, e agora para o Quarteto de Cordas da OSU”, complementa.

Outro destaque do repertório é o quarteto n. 14 em Ré Menor, do compositor austríaco Franz Schubert (1797-1828), com quatro movimentos. Segundo a violinista da OSU, Ivenise Nitchepurenco, “este quarteto ficou conhecido como ‘A Morte e a Donzela’ devido ao tema musical do II movimento”. Nitchepurenco explica que “alguns anos antes Schubert havia composto uma canção inspirado por um poema chamado A morte e a Donzela, do poeta alemão Mathias Claudius (1740-1815), que se baseava num tema recorrente na Arte Renascentista – da figura da Morte que se conduz à Donzela para buscá-la”.

Para a maestrina da OSU, Cinthia Alireti, “a Semana da Música de Câmara”, é uma série muito importante porque incentiva o desenvolvimento pessoal dos músicos através desses trabalhos que lhe conferem grande autonomia, ou seja, os músicos podem escolher o repertório e os colegas com quais vão dividir as atividades da apresentação”. Segundo Alireti, os músicos tomam decisões inclusive de interpretação, “ativando um lado do músico que muitas vezes fica escondido em um corpo maior que é orquestra sinfônica”.

Do ponto de vista do público, segundo a maestrina, “esses concertos oferecem uma grande oportunidade para que as pessoas possam conhecer repertórios escritos través dos séculos e adaptados para formações específicas, como o Quarteto de Cordas e os Quintetos de Sopros e Metais, meios que já se cristalizaram na música clássica”.

Caso você tenha perdido algum dos encontros, confira a seguir a cobertura de cada uma das apresentações.

Texto e fotos: Ton Torres/CIDDIC/Unicamp