Sinfônica da Unicamp realiza o concerto “Repertório Armorial” na próxima quinta

Concerto abre as atividades comemorativas aos 40 anos da Sinfônica

Na próxima quinta-feira, 10 de março a partir das 19h a Orquestra Sinfônica da Unicamp dará início às comemorações de seus 40 anos com o concerto Repertório Armorial, apresentação gratuita que ocorrerá na Casa do Lago, no campus da Unicamp de Campinas.

O concerto irá contar ainda com a participação especial do maestro Paulo de Paula, diretor artístico e regente da Orquestra Sinfônica de Indaiatuba que comandará a noite.

Sobre o maestro Paulo de Paula

Paulo de Paula é doutorando em música pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) onde também realizou toda sua formação acadêmica. Graduado em violino em 2005, tem desenvolvido projetos de pesquisa nas áreas de musicologia, análise musical e em práticas interpretativas. Atualmente suas pesquisas se concentram em música brasileira orquestral.

É diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica de Indaiatuba desde sua criação em 2014. Foi também um dos fundadores da Associação Mantenedora da Orquestra de Indaiatuba, instituição que é hoje responsável pela manutenção de uma escola de música e da Orquestra Jovem de Indaiatuba, além da própria Sinfônica. Também foi regente da Orquestra Infanto-juvenil da Unicamp entre 2002 e 2003.

Sobre o Programa

O movimento Armorial teve início em Recife na décadas de 1970 tendo como objetivo valorizar a cultura regional através da criação de um estilo de arte brasileira erudita com raízes nas manifestações populares nordestinas. Seu principal mentor e articulador foi o escritor Ariano Suassuna, autor de clássicos como “O Auto da Compadecida” e “O Romance da Pedra do Reino” que acabou influenciando uma grande diversidade de atividades artísticas como a pintura, a literatura, a cerâmica, a dança, o teatro e a gravura. A música se tornaria um dos eixos mais expressivos do movimento, primeiro com a formação da Orquestra Armorial e posteriormente com a criação do Quinteto Armorial.

A Orquestra Armorial surgiu sob a liderança do violinista e compositor Cussy de Almeida que conseguiu agregar um grande número de compositores entusiastas dessa nova proposta estética. Sua constituição instrumental partiu de uma base tradicional europeia, a orquestra barroca formada por cordas e cravo, a qual foram agregados instrumentos regionais como a viola dedilhada, as percussões nordestinas (zabumbas, pratos, triângulos entre outros) e um par de flautas que atuavam como pífanos.

Nesse concerto a OSU apresenta algumas peças que fizeram parte do repertório da Orquestra Armorial. Um fato interessante é que apesar da proximidade com a música popular, todas as obras armoriais deste programa são composições originais para orquestra, ou seja, não se tratam de transcrições ou arranjos de música popular.

A inspiração popular fica clara já pelos títulos das peças que muitas vezes fazem referência direta a elementos típicos da paisagem sertaneja. “Aboio” tem sua melodia baseada no canto típico do vaqueiro, assim como em “Mandacaru” faz uma alusão à planta símbolo do sertão.

Já “Galope de Cavalhada” e “Chegança” fazem referências às cantorias e festas populares, sendo o galope um tipo de desafio de violeiros cantadores e as “chamadas” uma espécie de introdução presente em algumas manifestações populares da região. A literatura regional também fazia parte da inspiração destes compositores. “Sem Lei, Nem Rei” de Capiba retrata o livro homônimo de Maximiano Campos enquanto “A Chamada n°2 – A Pedra do Reino” se refere a obra de Ariano Suassuna.

Completam o programa duas peças de Guerra Peixe, compositor que apesar de nascido no Rio de Janeiro, teve uma influência muito grande por ter sido professor de praticamente todos os compositores envolvidos no movimento armorial. Dele apresentaremos “Incelença”, uma orquestração de um tema popular nordestino e “Mourão”, cujo tema foi composto por Guerra Peixe, mas a versão orquestral tão famosa é de Clóvis Pereira, outra grande compositor pernambucano.

Programa

Sem Lei, Nem Rei – Capiba “Lourenço da Fonseca Barbosa” (1904-1997)

I. Moderato

II. Largo-Allegro

III. Allegro

Aboio – Cussy de Almeida (1936-2010)

Mandacaru – Benny Wolkoff (1921-1995) e Henrique Annes (1946-2021)

Chamada n°2 (A Pedra do Reino) – Jarbas Maciel (1933-2019)

I. Chamada (Andante energico)

II. Aboio (Andante)

III. Cavalo Marinho (Allegro)

Incelença e Mourão – César Guerra Peixe (1914-1993)

Galope de Cavalhada – José Tavares do Amorim “Guebinha” (1935-1933)

Chegança – Benny Wolkoff (1921-1995)

Caso prefira baixe aqui o programa completo.